sexta-feira, 6 de agosto de 2010
O QUE MILTON FRIEDMAN FEZ COM A MEDICINA
Isabel tinha dezoito anos, quando, acompanhada pela mãe, foi ao consultório do Dr Arantes, famoso médico da cidade. A sala de espera estava cheia. Depois de alguns minutos, a secretária anunciou – Sra. Matilde, pode entrar. Dona Matilde entrou junto com a filha no consultório do afamado médico. Sentaram-se. O Dr. Arantes cumprimentou rapidamente mãe e filha e tomando o pulso de Isabel, foi direto ao assunto - Teremos que fazer um eletrocardiograma imediatamente. Ante um esboço de reação de Dona Matilde, o Dr. Arantes foi categórico – imediatamente. E, rapidamente, preencheu uma guia de exame – eletrocardiograma de esforço. A secretária entrou no consultório com uma cadeira de rodas e, em poucos minutos, uma ambulância com UTI móvel conduzia Isabel e Dona Matilde à um Centro de Diagnóstico. Isabel foi submetida a um eletrocardiograma, enquanto caminhava numa esteira. O cardiologista, Dr. Bernardo foi categórico – direto para o cateterismo. Em poucos minutos, Isabel estava sendo submetida a um cateterismo cardíaco. A artéria na coxa foi puncionada e depois de algum tempo, o laudo tranqüilizou Dona Matilde. Não havia nenhuma lesão nas artérias do coração. No entanto, Isabel teria que ficar em observação. A impressão do Dr. Bernardo é que Isabel tivera um espasmo da artéria coronária direita. No dia seguinte, a temperatura de Isabel subiu. Febre de 39 graus. Não havia dúvida. Ocorreu uma complicação do cateterismo – endocardite bacteriana. A ponta do cateter levara um germe da pele para a corrente sanguínea. O pior, era um germe de alta virulência. Em outras palavras, Isabel contraíra uma infecção hospitalar. O quadro se agravou e Isabel foi para a UTI. No vigésimo dia de internação, a junta médica foi taxativa – só havia uma salvação para Isabel, trocar a válvula do coração. Respirando com um pulmão artificial, Isabel fez a troca da válvula, com grande sucesso. Recuperou-se totalmente. Ficou com uma baita cicatriz no meio do peito e terá que usar anticoagulante para ao resto da vida. A família mandou rezar uma missa de ação de graças. Foi uma milagre a cura de Isabel. Ninguém tinha dúvidas naquela família. No dia seguinte, Dona Matilde voltou ao consultório do Dr. Arantes para lhe levar um presente – uma garrafa de whisky , rótulo azul, dezoito anos. Aproveitou para marcar a cirurgia de uma unha encravada, motivo da consulta que faria com o doutor naquela fatídica tarde. Mas, o médico não teve tempo de falar com Dona Matilde. Isto se chama medicina moderna. O médico não fala com o paciente, não o examina, mas pede muitos exames. O paciente é um produto que, posto no balcão da economia de mercado, se tornará mais lucrativo, quanto maior for o valor agregado (eletro, cateterismo, respirador,cirurgia etc). Tudo por causa de uma unha encravada da mãe da paciente !
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