sexta-feira, 23 de julho de 2010

Hospital Austa

Eu tentei trazer vários professores de todos os cantos do país. Ao conhecerem as condições da Fresa , todos foram embora. Só havia uma alternativa - formar um corpo docente com os próprios ex-alunos. Mas como fixar alguém com a perspectiva de uma estrutura corrupta? Um dia, no vestiário, quando eu desalentado, lamentava a saída do Pantoja, brilhante anestesista, o José Carlos Polachini ponderou - só há uma alternativa - fazer um hospital para a garotada, Peguei a sugestão com unhas e dentes. Imediatamente, sensibilizei o João Roberto Girardi - aluno do quinto ano. O Girardi era o protótipo do medico a se fixar em Rio Preto. Passamos anos reunir na varanda da casa do seu pai , o meu amigo Halim Girardi. Eu, Liberato Caboclo, Polachini, Aloísio Rossi e Girardi. Fiz a primeira reunião para captação de dinheiro no meu consultório (Rubião esquina com Voluntários). Sessenta e oito adesões, recolhidos pelo gerente do COMIND, Waldemar Bretan. O arquiteto Osório Mantovani estava chegando em Rio Preto eu o convidei para fazer o projeto. Fui claro - o projeto o mais barato e sem elevador. Disse - Mantovani, estude todas as suas verdades artísticas e faça prevalecer o custo. Contratei os advogados Ruben Silva e Airton Cardoso para fazer o estatuto. O importante eram três pontos: participação igualitária, nenhuma retirada de dividendos, proibida a sub-locação e venda progressiva de cotas conforme a expansão do hospital.Captado o capital, por uma questão de escrúpulo pessoal não quis dirigir a construção do hospital. Dentro do princípio - quem recebe não paga, quem paga não recebe. Propus uma eleição e , por méritos e experiência, o candidato natural era o Aloísio Rossi, que ,no entanto, foi preterido. Aloísio abandonou o projeto. Liberato,as gerações se protegem,não há lugar para nós,pressagiou o Aloísio Rossi.O tempo diria o quanto o Aloísio tinha razão.Hoje,aqueles que, nem fizeram parte da primeira leva, sequer se lembra quem foi o fundador do Austa. Jamais tive qualquer função remunerada no Austa. Olha que eu até precisei. Jamais fui, não apenas, convidado para qualquer função. Não fui, sequer cogitado. Diria que , na melhor das hipóteses, fui tolerado. No início prestei socorro a colegas em apuros. Eles cresceram, não precisaram mais de mim.Tenho certeza que o Austa não seria mais bonito ou mais potente se eu estivesse à frente do que é hoje. Mas não tenho dúvida que seria mais humano e os funcionários seriam melhor tratados, tal como foram na Faculdade e na Prefeitura. Eu tenho este péssimo hábito de valorizar o ser humano. Não posso negar o carinho que os meus alunos me dispensam quando fico enfermo. Como paciente, tudo bem,como dirigente,de modo algum.O pai sai daqui da sala, que a festa é nossa, você inibe a nossa gandaia.Você é careta, todo certinho. A gente quer é mais! A vida é assim, os homens repetem em sociedade, o seu comportamento dentro da família. Ingratos? Não, humanos. Demasiadamente humanos.

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